Nós percebemos o tempo todo. Perceber é uma condição humana. Enquanto líderes, vivemos a partir da nossa percepção do que nos cerca. Paralelo a isso, precisamos entender e respeitar a percepção dos nossos liderados sobre o mundo que os cerca, que pode tanto ser parecida ou totalmente diferente da nossa. Líder algum tem um time pronto, sempre há alterações, sempre há o que ensinar e principalmente, sempre há o que aprender. É um trabalho contínuo e desgastante, que quando bem-feito pode trazer ótimos resultados.
Da mesma forma que a motivação, a percepção não pode ser ensinada ou aprendida, pois cada ser humano sente e processa os sentimentos a partir de suas próprias experiências. Nós construímos a nossa realidade a partir do que sentimos e vivemos, nossa vivência nos molda. Enquanto algumas pessoas percebem a chuva como um problema, outras veem uma oportunidade de vender sombrinhas e guarda-chuvas. Um líder com tendencia a reclamar da chuva, não vê com bons olhos novas ideias, a não ser que venham de si mesmo.
Por outro lado, uma liderança consciente de seu papel para o time, percebe no liderado que tem a ideia de vender guarda-chuvas um bom aliado. Entende que o seu papel será garantir que o visionário tenha condições de produzir e entregar muitos guarda-chuvas. Também é papel de todo líder, manter um ambiente propício para a criação e geração de ideias, o que promoverá conexão e valorização de um dos maiores ativos de qualquer empresa, seus talentos humanos.
Em conversas com pessoas que estão em cargos de liderança, uma das questões que sempre surgem é “como fazer com que a minha equipe aceite as minhas ideias sem reclamar?”. Bem, isso nunca vai acontecer… é próprio do ser humano questionar, falar e reclamar. Não pense que por estar em alguma posição de liderança você terá obediência absoluta. “Obediência” é uma palavra forte, que a meu ver, deveria ser somente parte de dicionário antigo. Pessoas devem ser respeitadas e não obedecidas. Pessoas devem respeitar e não obedecer.
Líderes precisam ser assertivos em sua comunicação e no seu dia a dia. Não há mais espaço para o “manda quem pode, obedece quem tem juízo”. Há necessidade de uma certa compreensão do outro, de praticar a empatia e isso dá trabalho. A imagem que temos de grandes líderes precisa ser desconstruída, porque o mundo do trabalho está mudando e todos nós precisamos nos adaptar a essas mudanças. Há muito tempo, Alvin Tofller deixou a mensagem “o analfabeto do século XXI não será aquele que não consegue ler e escrever, mas aquele que não consegue aprender, desaprender e reaprender”.
A assertividade é uma das características mais importantes de um líder nesse novo cenário. É importante que seja praticada como filosofia de vida, usando a criatividade e sendo transparente na expressão de suas necessidades, pensamentos e até sentimentos, de forma honesta e sem violar os direitos dos outros. Somos todos humanos, temos erros e acertos, mas por que é tão fácil justificar os nossos próprios erros e não aceitar os erros dos outros? Vamos além, por que não criar uma cultura de responsabilidade compartilhada?
Há grandes desafios na construção de uma liderança assertiva e o maior deles é o viés comportamental, pois ele exige uma atuação ativa, direta e honesta, que transmita uma mensagem de respeito próprio e de respeito pelo outro. É começar a ver as pessoas e as situações com outro olhar. Essa postura exige uma consciência de mundo e do seu papel nele que não é imediata. É preciso desconstruir para construir, é preciso que o líder tenha autoconhecimento e saiba quais são seus objetivos e como pretende alcançá-los.
Liderança não é dom, liderança é habilidade. Quem quiser, pode desenvolver essa habilidade. Ninguém consegue nada sozinho. Uma pessoa se transforma em líder, somente se conseguir fazer com que pessoas trabalhem com ela. Liderança não é título, é atitude. Enquanto líder, somos uma das peças no quebra-cabeça, não somos o quebra-cabeça. Temos a responsabilidade de fazer com que a montagem seja fluída e precisamos saber encaixar cada peça. O caminho é íngreme e o primeiro passo só depende de nós mesmos.
Vamos conversar sobre?
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