Um trabalho de consultoria de sucesso é aquele iniciado com um acordo claro e objetivo, firmado entre a contratada e o contratante. Esse acordo, além das questões legais, que devem ser devidamente contempladas, deve conter também uma descrição completa das atribuições da consultoria e da empresa que a contrata. Sigo dessa forma desde o meu primeiro trabalho como consultora e tem dado muito certo.
Tenho essa prática porque é importante deixar claro que sou uma consultora e não uma gerente PJ (contratação equivocada ao meu ver). Além disso, as minhas atividades são de suporte ao time da empresa. A minha formação, a vasta experiência profissional na área e o meu lifelong learning me qualificam para tal atividade. Tenho lido vários comentários e, às vezes nada agradáveis, sobre o trabalho de consultoria realizado em algumas empresas, e acredito que muitos problemas não aconteceriam se esses papéis estivessem devidamente definidos.
Me identifico com o trabalho de consultoria porque ele tem um pé na educação. Como professora de pós-graduação e MBA colaboro na formação de profissionais, nas empresas colaboro com o desenvolvimento dos negócios. Em ambos os casos experiência e conhecimento de quem facilita a aprendizagem são essenciais. Comunicação, liderança e visão sistêmica complementam o rol de competências necessárias para a realização desse trabalho. Mesmo assim, há possibilidade de algo não sair a contento, para ambas as partes, então, é importante dar atenção ao planejamento para minimizar os impactos negativos que podem surgir durante o desenvolvimento da consultoria.
Nas reuniões com prospects, onde atendo empresários e gestores de marketing, procuro entender o negócio da empresa, onde se pretende chegar, quais seus objetivos para depois formatar uma proposta comercial dentro do cenário pretendido. Algumas empresas me procuram e pedem que eu envie uma proposta comercial de consultoria em marketing, entretanto, explico que isso não é possível sem uma reunião prévia. Deixo claro que o meu negócio é trabalhar de forma customizada, ou seja, não vendo um pacote de serviços, vendo soluções.
Há algum tempo, fiz uma consultoria em uma empresa com grande potencial comercial e de marketing. Na proposta deixei bem claro o trabalho que seria desenvolvido e quais as contrapartidas da empresa. Sim, porque o sucesso do meu trabalho está diretamente ligado à importância que se dá a ele por parte do contratante. Quando se chega em uma empresa como consultora, você tira as pessoas (principalmente dos cargos de gestão) dos seus “tronos”, porque o diagnóstico precisa ser realizado em todas as áreas. E entendendo o processo é mais fácil conseguir a colaboração das pessoas envolvidas.
O marketing é uma ciência e perpassa por todas as áreas. Ter o foco no cliente deve ser uma questão cultural da organização e não uma estratégia de marketing. E questões culturais são transformadas pelas lideranças. É o conhecido “o exemplo vem de cima”. Não há muito o que se fazer em marketing se os líderes da área financeira ou de logística não entenderem a importância e os impactos de uma estratégia bem definida. E uma estratégia de marketing só gerará resultados se for abraçada por toda a organização.
Não há milagre, há trabalho. Na maioria das vezes, de médio e longo prazo. Eu até entendo que se possam gerar resultados a curto prazo, sim, mas o “básico” tem que estar funcionando há algum tempo. E esse básico é que exige luta e desapego, é o que mexe em muita coisa. É preciso uma estrutura firme para que as ações mais potentes dêem certo. Equipes capacitadas e com funções bem definidas, além de uma estratégia alinhada ao propósito da empresa e ao seu planejamento, garantem um trabalho muito bem feito. Não importa se a equipe é pequena, o que importa é a equipe ter uma visão clara do que se espera dela. O Gato da Alice sabe muito bem disso, “se você não sabe para onde quer ir, qualquer lugar serve”.
Para exemplificar o parágrado anterior, não há como uma ação de inbound dar resultado se a empresa não prepara as pessoas para serem fontes de conteúdo. Realizei consultoria em uma empresa onde os profissionais que eram fonte competiam entre si para ver quem sabia mais. Levavam dias para aprovar pauta anteriormente negociada com eles. Essas situações me moldaram a ser uma profissional mais atenta aos detalhes. E esses detalhes é que fazem a diferença no meu negócio. Olhar a empresa, seus colaboradores e clientes de forma única, é o que me permite fazer as perguntas certas e cultivar um ambiente de conhecimento e inovação.
Hoje, ponho toda a liderança e a equipe de marketing em um momento de sensibilização antes de começar o trabalho de diagnóstico. Não gosto de ruído na comunicação e como sou um “ser estranho” na organização, procuro deixar bem claro o meu propósito e como conduzirei meu trabalho junto a eles. O trabalho como consultora é realmente o mais desafiador que exerci até hoje. Desde a prospecção do cliente até o fechamento do trabalho levam meses. Por outro lado, conhecer novos negócios, novas histórias e inspirar pessoas e empresas a chegarem aonde quiserem é o que me move.
São muitos feedbacks positivos e mesmo sendo um processo complexo, não me vejo fazendo outra coisa nesse momento. Olho para trás e entendo o porquê de tanta renúncia, esforço e comprometimento. Isso tudo me tornou a consultora que sou hoje e reflete claramente em todo o trabalho que me proponho a fazer. Sigo confiante e firme em meu propósito, e isso é o que me importa.