A vida é feita de escolhas. Toda escolha é precedida por uma tomada de decisão. As pessoas tomam decisões o tempo todo, seja no trabalho, seja nas relações pessoais. A velocidade da disseminação de informações cresce exponenciamente e o acesso a elas nunca foi tão fácil. Como consequencia, nunca foi tão difícil tomar uma decisão.
Há muitas variáveis a serem avaliadas para justificar as nossas escolhas. A impressão que eu tenho é que estamos sempre justificando nossas escolhas para deixar alguém feliz. Em alguns momentos, nós mesmos. Principalmente em nossa vida pessoal, nossas decisões tendem a ser tomadas para deixar todo o entorno feliz, e provocar o mínimo possível de ruptura na verdade já estabelecida.
Mas, por que não aplicamos as metodologias de tomada de decisão utilizadas nos negócios, em nossa vida pessoal? Simples, porque nossa construção social nos determinou que vida pessoal e vida profissional são coisas distintas. Também já pensei assim… até o dia em que tive uma crise de labirintite na garagem de casa. A minha labirintite é acionada pelo estresse, então, como estava em uma situação de assédio moral no trabalho, desmaiei dentro do carro depois do mundo rodar durante alguns segundos.
A partir desse episódio, fui buscar respostas para as minhas dúvidas e controle para a minha “doença”. Pela primeira vez, usei o Método de Herbert Simon em uma decisão pessoal: 1. Analisei o problema: fui ao médico, que diagnosticou a labirintite (parênteses aqui para escrever que não foi a primeira vez); 2. Criei alternativas de solução (tratamento médico e psicológico, medicação e psicoterapia) e 3. Decisão (criei um Mundo da Val e foquei em outras coisas, pois eu não iria desistir de tudo o que construí por uma pessoa que não merecia o mínimo de consideração da minha parte). Segui a minha vida.
E deu certo! É claro que algumas outras crises aconteceram depois disso, mas eu já sabia exatamente da sua origem, então, o controle era cada vez mais fácil. Além disso, eu mesma decidi seguir, então, eu tinha noção dos impactos da decisão que tomei na minha vida e das pessoas que me cercavam. E se fosse hoje, tomaria a mesma decisão? Me peguei pensando nisso várias vezes. Não sei responder, porque o cenário e as variáveis são diferentes.
Dentro desse processo, a única certeza que tenho é a de que se eu não tivesse tomado a decisão com base técnica, a minha vida pessoal continuaria desconectada da profissional. Essa desconexão não teria me permitido fazer tudo o que fiz, conhecer tantos lugares e pessoas incríveis, ter criado e liderado projetos que impactaram positivamente milhares de pessoas, e de ter me descoberto tão capacitada e feliz com tudo isso.
Nos últimos tempos, tenho tomado minhas decisões a partir da análise de diversos fatores. A vida não tem sido fácil, para ninguém. Confesso que já passei duas semanas analisando cenários para tomar uma decisão, tanto em assuntos de ordem pessoal quanto profissional. A partir dessas análises, recalculei rotas, me desfiz de pesos, “larguei mão” de certas “verdades” e o mais importante, me reconectei comigo mesma e reorientei todo o meu modelo de negócios.
O ser humano é complexo. Por mais tecnologia e processos que os negócios tenham, eles são conduzidos por pessoas. Complexidade é a palavra que permeia todo o sistema. E a tomada de decisão é a coisa mais complexa da nossa dinâmica diária. Sempre aparece um “e se?” depois de cada atitude tomada. Não há como prever o que pode acontecer, mas entender como será a nossa reação se der certo ou muito errado, é totalmente possível.