Liderança

FLORES BASTAM?

08 de Março, Dia Internacional da Mulher. Esse ano ele me traz novos insights. Estou fazendo um trabalho sobre Liderança Feminina no universo digital e para embasá-lo precisei estudar sobre o movimento feminista e empoderamento feminino.

Sempre corri atrás do que queria, sem me importar muito com as situações de machismo pelas quais passei. Acredito que a minha geração é um tanto quanto “anestesiada” em relação a isso. Ficamos no meio termo entre “gostar de homens” e “gostar de trabalhar”.

Simplificando, era mais fácil esquecer os desmandes de um companheiro ciumento do que aceitar que não poderia mais trabalhar fora de casa. E dessa forma, seguimos aturando chefes machistas, conquistando espaços, assumindo cargos e levando nossa vida. A dor era grande, mas, havia um preço a se pagar por querer ser independente.

Há muito preconceito sobre o termo “feminismo” e é totalmente entendível que tenha. Basta estudar a história para ver de onde vem esse preconceito. A coisa toda começou enviesada quando as escrituras nos apresentaram como a “nascida da costela de Adão”.

De lá para cá, a coisa só desandou. E por mais que sintamos uma certa melhora em alguns aspectos, ainda há muito, mas muito mesmo, por fazer. A luta iniciou há bastante tempo e se intensificou com o surgimento do feminismo, que é um movimento político, filosófico e social que defende a igualdade de direitos entre mulheres e homens.

Exemplificando, se a mulher quiser viver com uma mulher, se ela quiser viver com um homem, se ela quiser se depilar, se não quiser se depilar, são decisões que cabem somente a ela, a mais ninguém. As pessoas reduzem o movimento a esse tipo de discussão, e não é isso.

O que precisamos olhar a fundo é que se eu tenho o direito de escrever sobre isso em um blog e outras mulheres tem a oportunidade de ler, é porque alguém lutou por isso. Teve alguma “feminista” que acreditou em poder ser mais do que lhe permitiam ser. Houve mulheres que trabalharam em funções insalubres e sentiram que precisavam ganhar o mesmo que os homens.

Cresci, enquanto mulher e profissional, em um mundo machista. Isso é fato! Mas, não quer dizer que eu aceite o “sempre foi assim”. Minhas vitórias e conquistas aconteceram após muito trabalho e dedicação. Dia a dia de superação, trabalho e estudo.

Tenho percebido que as minhas ações sempre tiveram um toque feminista. Fui criada em uma família predominante de mulheres e nunca ouvi dizer “você não pode fazer isso porque não é coisa de mulher“. Precisávamos sobreviver, então, lutar pelo que queríamos era e ainda é, algo comum para nós. E os homens nunca foram indiferentes a isso, sempre se fizeram parceiros.

Uma das lembranças que tenho de meu pai era ele sentado, embalando minha sobrinha bebê, enquanto eu brincava de boneca perto deles. Ele cuidava de nós duas e preparava o almoço, enquanto minha mãe dividia seu dia entre os afazeres domésticos e a profissão de costureira. Essa era a rotina.

Essa memória me fez acreditar que tanto a minha mãe quanto o meu pai eram responsáveis pela manutenção da casa, pelo sustento da família e pela educação dos filhos. Cada um do seu jeito, com as suas aptidões e com um propósito maior. Acho que cresci em uma família feminista, embora nem meu pai e nem minha mãe tiveram estudo suficiente para entender isso.

Nos últimos anos, o dia 08 de março me remete a um momento de reflexão, mais do que de luta. A minha luta acontece durante 364 dias por ano. Gosto de ser parabenizada, de receber mimos e chocolates, de ser lembrada. Flores são mais que bem-vindas, embora não bastem. Não são suficientes, mas fazem parte de um carinho que gosto de receber.

Hoje, me considero privilegiada em determinadas situações. Também sou solidária a milhões de mulheres que ainda não podem comemorar o dia 08 de março. Cada uma de nós em seu lugar de fala, externaliza seus sentimentos e sente suas dores.

Que cada uma de nós tenha sempre o direito de se expressar social, filosófica e politicamente. E que cada uma sempre tenha o direito de comemorar o Dia Internacional da Mulher, ou não.

 

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