Inicialmente, fiz essa pergunta a mim mesma. Há pouco mais de um ano, quando iniciei meu período sabático e estava em dúvida sobre continuar ou mudar de área, esse questionamento foi fundamental para a minha tomada de decisão. Trabalhar com marketing pode ser bem dolorido, pois embora seja uma ciência, não há como prever resultados para a estratégia executada, pois a propensão ao consumo depende única e exclusivamente do comportamento do consumidor, que pode ser impactado positiva ou negativamente no momento da ação.
Depois, fiz a mesma pergunta para alguns empresários e amigos, que me responderam de diversas formas e sob diversos pontos-de-vista. Os empresários do segmento de marketing e comunicação, embora tenham admitido que está cada vez mais desafiador trabalhar com isso, ainda acreditam. Empresários de outras áreas ficaram um tanto quanto desconfortáveis, pois embora tenham áreas de marketing em suas empresas, não acreditam muito nos resultados, pois segundo eles, a mídia em plataforma digital muitas vezes não entrega o que promete… e assim por diante.
Uma coisa é certa: o marketing da forma como vinha sendo feito, não funciona mais. E não é só pela questão da tecnologia, é pela transformação sócio-cultural que se originou com ela, principamente quando se trata de mídias sociais e digitais. Pessoas inspiram pessoas sem precisarem investir um centavo em compra de mídia. Mostrar quem se é ou quem se pretende ser é o suficente para que as pessoas se identifiquem e passem a consumir seu conteúdo. O marketing continua sendo feito de pessoas para pessoas, e a tecnologia é um dos caminhos para facilitar essa relação.
Outro detalhe muito importante é que nenhuma estratégia mercadológica funcionará se a liderança não acreditar e defender a ideia. Uma boa estratégia de marketing só dará bons resultados se for desenvolvida a partir do posicionamento estratégico da empresa. Sem posicionamento definido e claro, qualquer plano de ação em marketing nascerá morto e será só mais um arquivo no laptop de algum profissional de marketing bem intencionado. Então, cabe a reflexão aos meus amigos empresários e empresárias, o quanto eu me comprometo com o sucesso da estratégia de marketing da minha empresa?
Além disso, fazer um bom planejamento de marketing exige uma pesquisa de mercado com um sólido estudo de comportamento do consumidor. Esse é o principal problema para a maioria das empresas, que além de não terem uma área de marketing estruturada, não investem em conhecimento e produção de conteúdo para embasar a decisão estratégica. Analisar tendências e tomar decisões com agilidade só são possíveis com muito estudo e conhecimento do mercado onde estão inseridos. Uma dica aqui: não basta conhecer o mercado, tem que tornar esse conhecimento acessível e assimilado pela área.
Em todo esse processo, a área de marketing tem um papel vital: sensibilizar e envolver as demais áreas da empresa. O primeiro vendedor do produto e da empresa é o seu funcionário. Se a pessoa que trabalha dentro da empresa não souber vender, ou pior, não acreditar no produto que é vendido, o esforço da área comercial será muito maior. Quantos vendedores já não perderam vendas por um mal atendimento de suporte da equipe técnica? Investimento em endomarketing, capacitação e treinamento tendem a ter maior eficiência e efetividade se forem trabalhados em sinergia pelas áreas de RH e Marketing.
Sobre o profissional de marketing, que é quem vai fazer toda essa roda girar, e tem o objetivo de entregar bons resultados, transcrevo aqui um parágrafo do artigo do Rodrigo Rocha, O futuro do Marketing já está presente, publicado na Harvard Business Review, de março de 2020, (…) o profissional de marketing precisa ser cientista, para entender os números e os impactos da tecnologia. Tem que ser artista, para ser capaz de gerar emoção positiva. E, também, ser ativista, no sentido de estar alinhado com os desejos evolutivos da sociedade.
Então, depois de ler esse artigo, você acredita que o marketing tem futuro?
