… e ao se conhecer, percebe-se como um líder?
Essa é uma pergunta que faço aos meus mentees quando inicio o processo de mentoria. Basta rolar o feed do Instagram ou as publicações do Linkedin que vários perfis ensinam, sinalizam ou mostram o que é ser um líder. São contribuições importantes que valorizam o papel desse profissional, muitas vezes, tratado como um ser superior, super focado, sem um pingo de dúvida sobre quais decisões tomar.
Em boa parte das vezes, as pessoas criam expectativas que não são alcançadas quando chegam à liderança. Lembro da primeira vez que precisei demitir um funcionário um ano após sua contratação. Durante meses fiquei me culpando por não ter feito as “perguntas certas” na entrevista dele. Afinal, fui eu quem o escolhi e agora, precisava demití-lo por não ter cumprido a sua parte do contrato de trabalho.
Ser líder não é para qualquer pessoa. E não é mesmo! E mais, não há nada de errado em quem não se identifica com a liderança. Liderança não é um chamado de Deus, embora muitas pessoas acreditem nisso (em sua maioria, “líderes”!!). É uma habilidade que se desenvolve, se aprimora. E sendo uma habilidade é preciso muita prática, muita dor de cabeça e muito envolvimento para se fazer um bom trabalho.
Além disso, não é todo líder que voa de jatinho (eu, por exemplo, nunca tive essa experiência), não é todo líder que tem um “dream team” para comandar, e não é todo líder que tem à sua disposição muito dinheiro para criar e fomentar grandes projetos. Lembro de uma mentee que até hoje não se conforma em ter na sua equipe uma pessoa da família do dono da empresa que não tem uma boa entrega.
A liderança é feita de escolhas e consequências e vem salpicada de muita responsabilidade e propósito. Não dá para pensar só na parte boa da liderança, como projeção, status, network diferenciado, salário, e esquecer que o líder impacta positiva ou negativamente todos à sua volta, sejam eles liderados diretos ou não. Líderes são pessoas normais, mas com um propósito de vida nada comum.
Em toda essa caminhada, o mais importante é o autoconhecimento. É a pessoa escolher ser líder, com todo o ônus e o bônus que é atrelado a ele, com toda a bagagem que a vida lhe proporciona. Ter plena noção das habilidades e competências necessárias para desempenhar bem o seu papel, dentre elas, a humildade de valorizar quem sabe mais do que ele.
Caso alguém tenha dúvidas de estar no caminho certo ou caso alguém esteja se preparando para se tornar líder, faça a seguinte reflexão:
- As responsabilidades me parecem pesadas demais ou não?
- Eu me sinto confortável sendo líder ou com a ideia de ser líder?
- As pessoas se sentem à vontade com a minha liderança?
O mais importante é a pessoa saber que nem tudo são rosas, que há espinhos… e quando eles espetam, dói muito. Por outro lado, é gratificante saber que o seu trabalho bem feito, desenvolve pessoas que têm a oportunidade de realizar seus sonhos e de crescer também. Um bom líder é aquele que não se sente diminuído pelo sucesso dos seus liderados, muito pelo contrário, é aquele que se sente plenamente feliz com o sucesso dos outros.
Então, “bora liderar”?
